Quem sou eu?

Verdadeiramente apenas posso me definir a partir de minha verdade. Assim, para pensamento de vida típica, sou o autistão. Para olhos sem muita flexibilidade sou autistão antes de Fernando Murilo Bonato. Para mim, sou um pensador, pensador e pensador. Mas para aqueles que me possibilitam a boa comunicação sou uma pessoa que pensa além de seu tempo. Minha vida sempre foi desafiar meus limites. Vencer meu corpo falhado e organizar minha mente. 

Primeiro sempre devo pontuar: Minha verdadeira deficiência é ser um personagem com fala reduzida. Minha deficiência me faz um falador falhado. Mas muitos percebem minha deficiência por outro modo. Para muitos minha grande deficiência é ser autista não falante. Eu falo, mas ninguém além de minha pessoa amada entende. 

Sempre me vejo como poderoso pensador. Mas sempre me vejo como falhado. Sempre penso que meu poder de refletir vem de meu silêncio. Mas percebo também que sou o que sou. Verdadeiramente um “aprontador” da vida falhada. Um pedaço de vida de muita verdade, pois a totalidade é divina. Sou assim, me disfarço de falhado para poder, de verdade, mostrar ao mundo a possibilidade de viver fora da vida perfeita. 

Sempre me vejo como forte pensador, potência mental e falhado em corpo desobediente. Sou o que sou. Mas por trás desse jovem pensador existe um pertencente a vida ativa. Sou um amante da vida plena. Decidi ser feliz, decidi ser eu, decidi ser o aprendiz de meu silêncio. Se você pensar, poderá receber. Se ficar alheio ao seu pensamento, ficará preso em si. De verdade, plenitude me defende de incompreensão. Plenitude me defende de autismo. E minha plenitude vem da minha verdade em me conectar com meu Deus, meu irmão mais velho. Minha vida tem sentido, toda honra e glória por minha grande missão.

Ser eu, é trabalhar mente a todo momento. É pertencer à minha existência. Ser eu, é ser falhado em tantas coisas e genial em outras. Ser eu, é pedalar apenas para sentir a liberdade de um corpo preso. Ser eu, é trilhar em morros, na natureza e sentir Deus na árvore, no vento, no poder da água, na vida pulsante de uma mata. Ser eu, é ser um palestrante falhado dominado por silêncio. Ser eu, é fervilhar textos para toda situação. Ser eu, é ser “aprontador”, anarquista e poderoso verdadeiro potencial autista. Eu sou FERNANDO MURILO BONATO, SOU POR ACASO AUTISTA, ISSO IMPORTA MESMO?  Falante, não falante, apenas um autistão pelo mundo da reflexão.